domingo, 18 de maio de 2014

Nossa próxima reunião: Reutilizaçao e reciclagem do lixo. Implicações na saúde de quem trabalha com o lixo e/ou mora no entorno de lixões ou aterros sanitáros.


Construção - Chico Buarque de Holanda

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir 
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir 
Por me deixar respirar, por me deixar existir, 
Deus lhe pague 
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir 
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir 
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair, 
Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir 
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir 
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, 
Deus lhe pague

Link: http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/construcao.html#ixzz324sDTWHK

Operário em construção - Vinicius de Moraes

O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: — Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: — Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás(Lucas, cap. IV, versículos 5-8).
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.


De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento


Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construcão.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma subita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.


Ah, homens de pensamento
Nao sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua propria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.


Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele nao cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Excercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.


E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edificio em construção
Que sempre dizia "sim"
Começou a dizer "não"
E aprendeu a notar coisas
A que nao dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uisque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.


E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução


Como era de se esperar
As bocas da delação
Comecaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
- "Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.


Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!


Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porém, por imprescindível
Ao edificio em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.


Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo contrário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que ver
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.


Disse e fitou o operário
Que olhava e refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!


- Loucura! - gritou o patrão
Nao vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.


E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martirios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construido
O operário em construção
 LEIA UMA INTERPRETAÇÃO DO POEMA AQUI!

Operários, Tarsila do Amaral (1933).

6ª reunião da LISAC - Saúde do trabalhador e medicina do Trabalho - Data: 05 de maio de 2014

Olá pessoal, bom dia! No dia 05 de maio, próximo do dia 1º de maio, dia do trabalho, tivemos formação teórica com o tema "Saúde do trabalhador e medicina do trabalho". As facilitadoras do espaço foram: Germana, Vitória e Jéssica. 

Começamos a reunião com a leitura e escuta da canção de Chico Buarque, Construção e com a leitura do poema de Vinícius de Moraes, Operário em Construção.

Segue uma fotografia da reunião:
Leitura do poema "Operário em construção", de Vinicius de Moraes, feita pelo companheiro João Paulo.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Reunião sobre Escrita científica - Data: 03 de maio de 2014

Com o facilitador ilustre, Jucier!!! Nós da LISAC agradecemos a sua contribuição e boa vontade, foi uma ótima e necessária aula!


Reunião com os Agentes Comunitários de Saúde - Data: 25 de abril de 2014


Oi pessoal! Nós da Liga de Saúde Comunitária do Cariri (Lisac) nos propusemos a construir um momento com os Agentes de Saúde Comunitária (ACS) de um posto da cidade de Barbalha. 


O primeiro momento foi bastante produtivo, tivemos o contato inicial e estabelecemos a data do próximo encontro, cada qual terá um tema do Guia Prático dos ACSs (postado anteriormente nessa página). Sendo ao todo, sete módulos.

Esse espaço se constitui em importante troca, pois ao mesmo tempo que falamos como deve ser a ação do ACS na teoria, elas e eles nos mostram como é na realidade as facilidades e as dificuldades encontradas em cada ação.

Convidamos você a participar do nosso próximo encontro. Logo, logo colocaremos a data. 
Fica aqui frases dxs ACSs sobre o exercício de profissão:
"Trabalho por amor à profissão e às pessoas da comunidade. Gosto muito de ajudar e acho ruim ver algo e não ajudar. Ao mesmo tempo me vejo de mãos atadas por não poder fazer nada."

"Gratificante. Pois trabalhamos com pessoas e o mínimo de informação de saúde que levamos faz a diferença."

"É bom, mas como tudo na vida pensamos em fazer outra coisa, porque o sistema é bruto."

"Cria-se um vínculo forte com a comunidade."

Vamos nesse desafio, estudar a teoria e confrontar com a prática.
Esperamos você no nosso próximo encontro!

5ª reunião da LISAC - Atenção secundária em Hipertensão e diabetes - Data: 29 de abril de 2014

Olá pessoal, boa noite!

Como anda a educação e saúde nas unidades básicas sobre hipertensão e diabetes? Como anda o tratamento e a abordagem nos ambulatórios de atenção secundária??

Será que o que é dito é ouvido/entendido pelos usuários?

Foi com essa proposta de discussão que nós, membros da Liga de Saúde Comunitária do Cariri nos reunimos no dia 29 de abril. Chegamos a inúmeras conclusões e questionamentos, dentre eles o de qual o nosso papel, enquanto estudante de saúde.


segunda-feira, 5 de maio de 2014

4ª reunião da LISAC - Saúde na Escola

Olá pessoal, mais uma vez perdão pela demora para atualizar sobre nossas reuniões!

A nossa quarta reunião teve como temática a Saúde na escola, nosso carro guia esse ano, uma vez que o nosso projeto se baseia na educação em saúde, tendo como local de trabalho uma escola de ensino fundamental.

Nossa reunião foi bastante proveitosa. Iniciamos, como sempre, com uma mística/dinâmica, na qual cada um era acolhido por um dxs facilitadorxs da reunião (Kaike, Karen e Átila) e sobre seus cuidados ouvia uma música, após esse momento o participante se levanta da cadeira, vai até o quadro e desenha o que a música e o momento lhe permitiu pensar e sentir.

Foi um momento muito bacana. Aqui vai uma foto com o quadro e os desenhos feitos por nós:

Após esse momento, xs facilitadorxs iniciaram a discussão sobre Saúde na Escola.

Coloco aqui o link que permitirá a você baixar e ler a cartilha do Ministério da Saúde sobre Saúde na Escola, boa leitura!!! Clique aqui para visualizar a cartilha "Saúde na escola".