domingo, 3 de agosto de 2014

Educação popular em Saúde

A educação popular (EP) é o campo da prática e conhecimento sistematizado do setor da saúde que tem se dedicado mais diretamente à criação de vínculos entre o trabalho de saúde e o pensar e o agir cotidiano da população.

Como funciona? É que tal como existem ciências que estudam a fisiopatologia e o melhor tratamento para cada doença, existem também ciências que estudam os modos locais de enfrentamento dos problemas, as suas raízes políticas e econômicas, os caminhos de busca da felicidade de cada grupo cultural e as melhores formas de intervenção social.

A crise existencial trazida pela doença cria uma situação de grande potencialidade educativa na medida em que instiga fortes reflexões sobre o modo anterior de levar a vida e pode mobilizar mudanças pessoais e apoios de parentes e amigos para o seu enfrentamento.
A EP se inspira em um projeto político e em uma utopia de construção de uma sociedade justa, solidária e amorosa, em que os que hoje são subalternos, marginalizados, oprimidos e empobrecidos sejam protagonistas ativos e altivos.

COMO FAZER EP?

A EP providencia, antes de tudo, a criação de espaços de conversa franca e amorosa, onde os subalternos e oprimidos se sintam à vontade para expor suas dúvidas, seus interesses e suas considerações a respeito das questões. Fazer isso não é fácil. O poder dos doutores, mesmo que bem intencionados, costuma calar ainda mais a voz dos subalternos.

PROBLEMATIZAR:

A problematização utilizada pela EP tem como base uma epistemologia (um modo de processar e elaborar a produção do conhecimento) diferente, que parte do pressuposto da incompletude de todos os saberes. É fundamental a valorização dos saberes dos usuários, dos moradores e dos movimentos sociais envolvidos. A problematização está vinculada com a realidade e comprometida com sua transformação.

A participação ativa de grupos sociais, antes calados, questiona e cria oposições a projetos tecnicamente muito bem preparados, irritando gestores das políticas sociais que costumam ficar isolados nos órgãos de planejamento. Assim, a proclamada valorização da participação popular nas políticas sociais não é ainda uma realidade autenticamente buscada no cotidiano dos serviços, pois é por demais perturbadora da lógica dominante. 

Eymar Mourão Vasconcelos 
Marcos Oliveira Dias Vasconcelos 
Educação Popular 
Tratado de Medicina de Família e Comunidade 



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