A educação popular (EP) é o campo
da prática e conhecimento sistematizado do setor da saúde que tem se dedicado
mais diretamente à criação de vínculos entre o trabalho de saúde e o pensar e o
agir cotidiano da população.
Como funciona? É que tal como
existem ciências que estudam a fisiopatologia e o melhor tratamento para cada
doença, existem também ciências que estudam os modos locais de enfrentamento
dos problemas, as suas raízes políticas e econômicas, os caminhos de busca da
felicidade de cada grupo cultural e as melhores formas de intervenção social.
A crise existencial trazida pela
doença cria uma situação de grande potencialidade educativa na medida em que
instiga fortes reflexões sobre o modo anterior de levar a vida e pode mobilizar
mudanças pessoais e apoios de parentes e amigos para o seu enfrentamento.
A EP se inspira em um projeto
político e em uma utopia de construção de uma sociedade justa, solidária e amorosa,
em que os que hoje são subalternos, marginalizados, oprimidos e empobrecidos
sejam protagonistas ativos e altivos.
COMO FAZER EP?
A EP providencia, antes de tudo,
a criação de espaços de conversa franca e amorosa, onde os subalternos e
oprimidos se sintam à vontade para expor suas dúvidas, seus interesses e suas
considerações a respeito das questões. Fazer isso não é fácil. O poder dos
doutores, mesmo que bem intencionados, costuma calar ainda mais a voz dos
subalternos.
PROBLEMATIZAR:
A problematização utilizada pela
EP tem como base uma epistemologia (um modo de processar e elaborar a produção
do conhecimento) diferente, que parte do pressuposto da incompletude de todos
os saberes. É fundamental a valorização dos saberes dos usuários, dos moradores
e dos movimentos sociais envolvidos. A problematização está vinculada com a
realidade e comprometida com sua transformação.
A participação ativa de grupos sociais, antes
calados, questiona e cria oposições a projetos tecnicamente muito bem
preparados, irritando gestores das políticas sociais que costumam ficar
isolados nos órgãos de planejamento. Assim, a proclamada valorização da participação
popular nas políticas sociais não é ainda uma realidade autenticamente buscada
no cotidiano dos serviços, pois é por demais perturbadora da lógica dominante.
Eymar Mourão Vasconcelos
Marcos Oliveira Dias Vasconcelos
Educação Popular
Tratado de Medicina de Família e Comunidade
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